Osvalinda Maria Alves Pereira
Eu trabalho em benefício da comunidade. Já lutei muito para conseguir um manejo florestal familiar e sustentável, que faça desta floresta um bem para todos.
Osvalinda Maria Alves Pereira é uma reconhecida defensora de direitos humanos do Estado do Pará. Ela é a Presidente da Associação de Mulheres do Projeto Assentamento Areia e liderança do Projeto de Assentamento Areia, no município de Trairão, oeste do Pará. Devido ao seu trabalho em defesa dos direitos humanos, ela e seu marido Daniel Alves Pereira têm recebido constantes ameaças de morte por parte de mineradores ilegais e fazendeiros desde 2012.
O objetivo da defensora de direitos humanos é capacitar a população local para cultivar alimentos nos seus próprios terrenos, como forma de subsistir sem ter de trabalhar para madeireiros e destruindo a floresta, em condições análogas à escravidão. Osvalinda Maria Alves Pereira é vista como uma ameaça aos interesses daqueles que lucram com a destruição ambiental.
"Ninguém atira pedras em uma laranjeira que não produz frutos. Se ela estiver carregada de frutos, vão atirar pedras para derrubar as laranjas. Eu sei que sou esta laranjeira e é por isso que vão continuar atacando", diz Osvalinda Maria Alves Pereira numa entrevista à Linha de Frente, um projeto da Front Line Defenders e outras organizações parceiras.
A posição geográfica do Projeto de Assentamento Areia faz dele uma porta de entrada para três unidades de conservação - o que radicaliza os conflitos com madeireiros na região. Imediatamente em torno do assentamento, estão a Floresta Nacional do Trairão, a Reserva Extrativista do Riozinho do Anfrísio e o Parque Nacional do Jamanxim. Madeireiros começaram a se instalar nesse local e a utilizar as estradas de acesso ao assentamento para escoar a madeira cortada ilegalmente.
Nos últimos 20 anos, cerca de 280 famílias vivem no Projeto de Assentamento Areia e produzem de forma sustentável arroz, feijão, milho, batata doce e outros alimentos, sem pesticidas ou práticas nocivas. As famílias estão distribuídas por cerca de 20 mil hectares. Osvalinda Maria Alves Pereira declara: "Eu trabalho em benefício da comunidade." "Como agricultora e Presidente da Associação de Mulheres, já lutei muito para conseguir um manejo florestal familiar e sustentável, que faça desta floresta um bem para todos".
No entanto, nos últimos anos, ela e o marido têm sido profundamente marcados por todas as ameaças e ataques contra eles. Em 2018, foram cavadas duas covas perto das suas casas, com os seus nomes. Após incidentes como esse tenham se tornado regra, o casal foi forçado a fugir do assentamento durante a noite, escapando de uma série de assassinos contratados que foram colocados no seu caminho. Atualmente, Osvalinda Maria Alves Pereira e Daniel Alves Pereira permanecem deslocados internamente e escondidos como medida para proteger as suas vidas.
“Nós não estamos aqui pra morrer com bala de vocês na nossa cabeça, não. Vou atrás de justiça” - Osvalinda Maria Alves Pereira.