EMIL KURBEDINOV RECEBE
O PRÊMIO FRONT LINE DEFENDERS 2017
Defender ativistas de direitos humanos e presos/as políticos/as é um dos trabalhos mais perigosos que um/a advogado/a pode fazer na Crimeia. Depois de anos levando a frente esses casos arriscados, o advogado tártaro crimeu Emil Kurbedinov recebeu o Prêmio Front Line Defenders para Pessoas Defensoras de Direitos Humanos em Risco, em 26 de maio de 2017, em uma cerimônia na Prefeitura em Dublin.
Ativista tártaro crimeu recebe Prêmio para Pessoas Defensoras de Direitos Humanos em Risco de 2017 – Nota à Imprensa
Emil Kurbedinov é tártaro crimeu e advogado de direitos humanos da Criméia. Desde a ocupação da Crimeia pela Federação Russa, Emil vem defendendo a minoria tártara perseguida, ativistas da sociedade civil e jornalistas. Ele também fornece respostas de emergência e documenta violações de direitos durante incursões e buscas em residências de ativistas. Em janeiro de 2017, representantes mascarados do Centro de Combate ao Extremismo da Crimeia detiveram Emil e o levaram a um escritório local do Serviço de Segurança Federal da Rússia (FSB) para interrogatório. Um tribunal distrital considerou-o culpado de “propagandear organizações extremistas” e sentenciou-o a dez dias de detenção.
Seguindo os pedidos contínuos de pessoas defensoras tártaras na Ucrânia para aumentar sua visibilidade, o Prêmio gerou mais de 10 artigos exclusivos nas mídias russa e ucraniana. Os principais meios de comunicação em língua inglesa na Ucrânia, o canal de TV Hromadske International e o jornal The Kyiv Post também apresentaram o vencedor do prêmio, assim como o ATR Channel, uma emissora de TV da Crimeia popular entre os tártaros crimeus, que se mudou para Kiev após pressão das autoridades russas. O Prêmio também recebeu cobertura impressa, on-line, de rádio e de televisão em sete idiomas (inglês, russo, ucraniano, francês, espanhol, italiano e árabe). Na Irlanda, a RTE e o Irish Times publicaram artigos sobre o prêmio e o vencedor. A Reuters divulgou uma reportagem cobrindo o vencedor, que fez parte da Reuters Internacional “Big Ten” e “Top Stories” no dia do evento e foi republicada dezenas de vezes globalmente. A Al Jazeera Media Network transmitiu um segmento apresentando o discurso do vencedor, Emil Kurbedinov, e do Diretor Executivo da Front Line Defenders, Andrew Anderson.
Após sua chegada a Ucrânia, dezenas de pessoas, incluindo jornalistas e ativistas, aguardavam Emil Kurbedinov no Aeroporto Internacional de Borispyl. “Foi a mais calorosa acolhida de colegas e amigos. Pessoas que eu nem conhecia vieram até mim e me parabenizaram pelo prêmio”, disse o defensor.
Emil acredita que a tão necessária atenção internacional que o prêmio trouxe à situação dos tártaros da Crimeia e de ativistas de direitos humanos na Crimeia já melhorou sua segurança em casa. “Quando saí, a polícia estava iniciando um processo criminal contra mim. Mas desde meu retorno de Dublin, ninguém me ligou e ninguém falou comigo sobre isso”, disse Emil.
Na cerimônia na prefeitura de Dublin, Michael O'Flaherty, diretor da Agência de Direitos Fundamentais da União Europeia, entregou o prêmio a Emil.
Estes são os heróis e, muitas vezes, os heróis desconhecidos de nossas sociedades.
- Michael O'Flaherty
Andrew Anderson, Diretor Executivo da Front Line Defenders, apresentou a organização e o significado do prêmio, prestando homenagem aos 5 finalistas (veja abaixo).
Nós vivemos em tempos sombrios. Parece que somos atacados diariamente com novas atrocidades. Bem-vindos a uma celebração da coragem daqueles e daquelas que trazem luz e amor ao nosso mundo.
- Andrew Anderson
Denis O'Brien, Presidente do Conselho de Diretores, deu as boas-vindas ao público à Prefeitura de Dublin, incluindo membros do corpo diplomático e funcionários do governo.
O Prêmio Front Line Defenders para Pessoas Defensoras de Direitos Humanos em Risco, concedido anualmente, premia o trabalho de defensores e defensoras de direitos humanos que, com grande risco pessoal, dão corajosa contribuição à promoção e proteção dos direitos humanos de suas comunidades.
Finalistas de 2017:
Emil Kurbedinov, Crimeia/Ucrânia
Emil Kurbedinov é tártaro crimeu e advogado de direitos humanos da Criméia. Desde a ocupação da Crimeia pela Federação Russa, Emil vem defendendo a minoria tártara perseguida, ativistas da sociedade civil e jornalistas. Ele também fornece respostas de emergência e documenta violações de direitos durante incursões e buscas em residências de ativistas. Em janeiro de 2017, representantes mascarados do Centro de Combate ao Extremismo da Crimeia detiveram Emil e o levaram a um escritório local do Serviço de Segurança Federal da Rússia (FSB) para interrogatório. Um tribunal distrital considerou-o culpado de “propagandear organizações extremistas” e sentenciou-o a dez dias de detenção.
Pham Thanh Nghien, Vietnã
A blogueira vietnamita Pham Thanh Nghien passou quatro anos na prisão por seu trabalho divulgando violações e defendendo os direitos de familiares de pescadores/as mortos/as por patrulhas chinesas. Após a sua libertação, ela foi mantida em prisão domiciliar, durante a qual liderou várias campanhas de direitos humanos e foi cofundadora da renomada Rede de Bloggers Vietnamitas. Nghien teve sua casa invadida, foi impedida de comparecer a consultas médicas, teve um cadeado colocado em sua porta pelo lado de fora e lhe foi negada uma certidão de casamento. Nghien também sobreviveu a numerosos ataques físicos com o objetivo de interromper seu poderoso e pacífico trabalho de descobrir e divulgar violações de direitos humanos no Vietnã.
Nonhle Mbuthuma, África do Sul
Nonhle Mbuthuma persiste em sua luta pela terra e pelos direitos ambientais no Cabo Oriental, África do Sul, apesar das tentativas de assassinato, das ameaças de morte e do assassinato de seu colega. Ela é fundadora e atual integrante do Comitê Executivo do Comitê de Crise de Amadiba, formado para unir membros da comunidade em cinco aldeias da região da Autoridade Tribal de Amadiba, em oposição a projetos de mineração destrutivos. Em julho de 2016, Nonhle e outros/as ativistas tiveram sucesso em forçar o maior acionista de um projeto de mineração de titânio a se retirar, mas as ameaças contra ativistas continuam, pois a comunidade agora teme que o projeto siga com financiamento de empresas “de fachada” locais.
Abdulhakim Al Fadhli, Kuwait
Abdulhakim Al Fadhli está atualmente preso por seu ativismo pacífico em nome da comunidade bidune apátrida do Kuwait e de outras comunidades minoritárias no país. O termo bidune, que significa “sem” em árabe, refere-se à comunidade de apátridas, nativa do Kuwait, que está proibida de obter documentos oficiais do Estado, incluindo, entre outros, certidões de nascimento, morte e casamento. Abdulhakim está atualmente cumprindo uma sentença de um ano de prisão e sofrerá deportação após libertado. Ao longo de seu período na prisão, ele protestou e realizou greves de fome contra as condições desumanas e insalubres no presídio de Anbar 4, onde também foi submetido a confinamento solitário.
Francisca Ramírez Torres, Nicarágua
Os filhos da defensora de direitos humanos Francisca Ramírez Torres foram atacados, na tentativa de impedir seu poderoso trabalho de resistência contra um destrutivo canal interoceânico na Nicarágua. Francisca é a coordenadora do Conselho para a Defesa da Terra, do Lago e da Soberania, que educa as comunidades sobre seus direitos e faz campanhas pela revogação de leis que permitem a grilagem de terras. O canal proposto desalojaria milhares de pequenos agricultores e povos indígenas, sem respeitar seu direito ao consentimento livre, prévio e informado. Francisca foi detida, assediada e teve seu lar e família atacados por sua resistência pacífica a este projeto destrutivo do canal.
Sobre o Prêmio Front Line Defenders para Pessoas Defensoras de Direitos Humanos em Risco:
O Prêmio anual Front Line Defenders para Pessoas Defensoras de Direitos Humanos em Risco foi criado em 2005 para homenagear o trabalho de pessoas defensoras de direitos humanos que, por meio de trabalho não violento, estão contribuindo de maneira corajosa para a promoção e proteção dos direitos humanos de outras pessoas, muitas vezes com grande risco pessoal para si mesmas.
O prêmio busca focar a atenção internacional no trabalho do/a defensor/a de direitos humanos, contribuindo, assim, para a segurança pessoal do/a destinatário/a.
Em 2014, a Al-Jazeera Media Network tornou-se a parceira de mídia global do Prêmio Front Line Defenders, dando uma cobertura muito mais ampla da cerimônia e do trabalho da pessoa defensora para um público global.
Os/As vencedores/as anteriores do Prêmio Front Line Defenders para Pessoas Defensoras de Direitos Humanos em Risco são:
2017 - Emil Kurbedinov, Ucrânia
2016 - Ana Mirian Romero, Honduras
2015 - Guo Feixiong, China
2014 - SAWERA, Paquistão
2013 - Biram Dah Abeid, Mauritânia
2012 - Razan Ghazzawi, Síria
2011 - Joint Mobile Group, Federação Russa
2010 - Dr. Soraya Rahim Sobhrang, Afeganistão
2009 - Yuri Melini, Guatemala
2008 - Anwar Al-Bunni, Síria
2007 - Gégé Katana, República Democrática do Congo
2006 - Ahmadjan Madmarov, Uzbequistão
2005 - Dr. Mudawi Ibrahim Adam, Sudão